“Mostrei o mundo que ele tinha criado para mim, cheio de
encantos e oportunidades.”
Louisa acabou
de perder o emprego no qual trabalhou em boa parte dos seus 26 anos de vida.
Agora, sem opções mais favoráveis de onde trabalhar e tendo que ajudar a
sustentar a casa de seus pais, ela aceita o emprego como cuidadora de Will, um
tetraplégico de C5/C6 (podendo movimentar com grande limitação apenas um braço)
que, tendo pensado sobre viver para sempre em uma cadeira de rodas e sem
autonomia para qualquer coisa, desiste da vida, dando a família apenas seis
meses de prorrogação, para que então pudesse ser feito o que ele queria. Seis
meses, é o tempo de duração para o contrato de Louisa que, sem saber, aceitou a
tarefa de fazer este homem, já decidido pela morte, ver que a vida pode ser boa
e que a cadeira de rodas não precisa ser o que vai marcar sua identidade. Diante
de todos os problemas enfrentados, da felicidade conquistada e do amor que
surge durante as tentativas, a grande questão é se ela conseguirá fazê-lo mudar
de ideia; desistir de tirar a própria vida.
“Se ele amar, sentirá que pode seguir em frente. ”
Will tem uma
personalidade difícil de engolir, devido a situação dele é até compreensível
que ele direcione aos outros a raiva que sente pela vida. Ele não poderá ter os
prazeres e aventuras que tinha antes do acidente e “carregar essa cruz” faz com
que ele não dê muita importância a como os outros vão se sentir em reação ao
que ele diz e faz. Isso me fez pegar um certo abuso dele no início, mas depois
foi melhorando, Louisa foi o algo bom da vida dele.
Louisa não
tem muita expectativa para qualquer coisa em sua vida pessoal. Não pensa em
sair da cidade, aprender coisas novas ou até mesmo sair da casa dos pais.
Namora com Patrick, um cara que dá mais amor e importância à uma pista de
corrida do que a ela (detesto o Patrick). Trabalhando com Will, ela começa a
abrir os olhos e ampliar seus horizontes. Will foi o algo bom da vida dela.
O livro nos
deixa numa luta constante e confusa sobre o direito que a pessoa tem sobre a
própria vida à ponto de acabar com ela; se o que ele quer fazer se trata de
liberdade de escolha ou um atentado ao que é moral. Afinal, ter direito a viver
também lhe dá o direito de, literalmente, não viver mais? Acredito como sendo
essa a característica mais marcante do livro.
Também passa
uma afronta bem interessante à falta de acessibilidade para cadeirantes em
estabelecimentos e à falta de sensibilidade das pessoas em relação ao portador
da tetraplegia, para com quem as pessoas muitas vezes agem de forma errada, com
um constante sentimento de pena ou até mesmo nojo pela situação do tetraplégico.
E passa,
também, uma reflexão sobre novas experiências, que elas são possíveis e
necessárias, as aventuras, as novidades, o amor, apesar das barreiras, se
houver o desejo real, pode-se aprender e viver o novo.
(Fiquei
chocado com o que aconteceu no labirinto, chorei, detesto esse tipo de
atitude e, quando é retratada, não consigo lidar com meu lado emocional.)
O livro é
lindo, bem escrito e a história é ótima. Apesar de a própria Jojo Moyes, nos
agradecimentos do livro, ter se referido ao Como
eu era antes de você como uma história de amor, devo dizer que vi bem mais
do que isso, e que “uma história de amor” deveria ser uma classificação de
segundo plano.
“Como sabe? Você não fez nada, não foi a lugar algum. Como
sabe que tipo de pessoa você é? ”
Nota: 4 –
Realmente bom.
Já leu? Vai
ler? Diz aí nos comentários.